Eletricidade sem fio

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Eletricidade sem fio

   

       ELETRICIDADE SEM FIO

 

                           

O que parecia ficção científica virou realidade. A tecnologia futurista já foi provada com sucesso, em 2011, na Consumer Electronics Show, de Los Angeles, a maior feira mundial eletroeletrônica. Lá, os visitantes puderam ver liquidificadores, batedeiras, tevês e computadores que funcionam sem estar ligados numa tomada. Para recarregar o celular, basta colocá-lo sobre uma base transmissora de eletricidade sem fio.

Os pesquisadores da “nova” tecnologia da eletricidade sem fio, na verdade, resgataram o conceito de indução magnética, descoberto por Michael Faraday em 1831. Segundo ele, a corrente elétrica que corre por um fio pode fazer o mesmo acontecer num fio próximo. Baseando-se no princípio de Faraday, o sérvio Nikola Tesla construiu, em 1890, duas enormes torres que transmitiriam corrente elétrica dos Estados Unidos pelo ar, capaz de ser recebida por aparelhos do mundo todo. Isso não aconteceu, mas Tesla conseguiu acender lâmpadas a distância.

 

Em 1988, o professor John Boys, da Universidade de Auckland (Nova Zelândia), construiu o primeiro protótipo de fonte de alimentação elétrica que dispensava contato físico com os equipamentos alimentados. A tecnologia foi patenteada pela empresa da universidade onde foi criada. Em 2008, a Intel Corporation conseguiu reproduzir os modelos de Tesla e do grupo de John Boys, acendendo uma lâmpada sem usar fios, com luminosidade satisfatória. Nos EUA, o vanguardista Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) lidera as pesquisas no campo. Um invento do professor croata Marin Soljacic faz funcionar uma tevê colocada a 1,5 metro do transmissor.

Para carregar o celular, basta colocá-lo sobre o braço da poltrona.

Tecnologias distintas

Já existem empresas oferecendo ao mercado tecnologias capazes de transmitir, com segurança, a energia pelo ar. O objetivo principal é desobrigar aparelhos criados para ser portáteis – como celulares, tablets e notebooks – de recarregar as baterias constantemente.

Os experimentos atuais se baseiam em três tecnologias: acoplamento indutivo, radiofrequência e ressonância acoplada magneticamente. A Fulton Innovation, de Michigan (EUA), criou o sistema eCoupled, já disponível para a polícia, o corpo de bombeiros e equipes de resgate. Trata-se de um aparelho de acoplamento indutivo sobre o qual podem ser colocados artefatos móveis para ser recarregados magneticamente.

O sistema de radiofrequência, por sua vez, tem a vantagem de trabalhar com distâncias maiores, de até 26 metros, pois a eletricidade é transformada em ondas de rádio captadas por um receptor, que as converte novamente em corrente de baixa voltagem. A radiofrequência já está sendo usada pelo Departamento de Defesa dos EUA e em breve estará disponível em pequenos aparelhos domésticos.

Nikola Tesla, o pioneiro

Precursor da eletricidade sem fio, Nikola Tesla, nasceu em Smiljan (atual Croácia), em 1856, e naturalizou-se norte-americano. Só agora, 100 anos depois, suas invenções estão sendo reconhecidas. Tesla aperfeiçoou o sistema de transmissão de energia por cabos, criando a corrente alternada em substituição à corrente contínua, estabelecida por Thomas Alva Edson. Também contribuiu para o desenvolvimento da robótica, do controle remoto, do radar e da ciência computacional. Foi um homem de personalidade excêntrica e adiantada demais para seu tempo. Morreu pobre e esquecido aos 86 anos, em 1943.

Já a ressonância acoplada magneticamente foi inventada por Soljacic, que a denominou WiTricity. Ela é capaz de fornecer eletricidade para um aposento no qual haja aparelhos com receptores próprios para captála. Tanto o sistema eCoupled quanto o WiTricit usam duas bobinas, uma energizada e outra não. A vantagem do sistema WiTricit é que elas não precisam estar próximas para a transferência de energia, pois este utiliza o princípio da ressonância magnética. O objeto a distância, porém, precisa estar corretamente sintonizado com o transmissor para funcionar. Nesse sistema, apenas uma bobina energizada pode fornecer eletricidade sem fio para toda a residência.

A ressonância magnética energiza mesas de escritório e vários tipos de aparelhos, como liquidificadores, celulares, tablets e furadeiras.

Outras empresas, como a WiPower, da Flórida, e a Powercast, de Pittsburgh, também pesquisam usos práticos para essa tecnologia. A fim de que a energia não vaze de uma residência para outra, estão em estudo formas de controlar o alcance e a intensidade do campo magnético e o uso de metais para bloquear a transmissão.

Novidades

Já estão disponíveis produtos que usam energia sem fio. Um deles é o carregador Palm do smartphone HP Pre Touchstone. O usuário só precisa colocar o dispositivo em cima do carregador, pois ímãs posicionam corretamente o aparelho, que é carregado sem qualquer fio conectado a ele.

A Sanyo desenvolveu para a estação de jogos eletrônicos Nintendo Wii um carregador que dispensa o contato com a bateria para carregá-la. A Fu Da Tong Technology, de Taiwan, oferece produtos que funcionam com eletricidade sem fio, entre eles chinelos que se conservam aquecidos – quando esfriam, basta deixá-los em cima do tapete carregador.